O que tens de saber sobre o tempo que decorre entre a petição de divórcio e a sentença
Os processos de divórcio são muitas vezes vistos como longos e complexos. Compreender o tempo que decorre entre o pedido de divórcio e a sentença ajuda-te a prever quanto tempo demorará esta fase crucial. Vários factores influenciam este prazo, nomeadamente o tipo de divórcio que escolher, a carga de trabalho dos tribunais e a complexidade do seu caso. Este artigo explica as diferentes fases e o tempo médio de duração.
Qual é o prazo entre a sentença de divórcio e a decisão?
O período que decorre entre a apresentação do pedido de divórcio e a sentença final de divórcio é designado por “período entre a apresentação do pedido de divórcio e a sentença final de divórcio”. Este procedimento só se aplica aos divórcios litigiosos: divórcio por culpa, divórcio aceite e divórcio por alteração definitiva do vínculo conjugal. Desde a reforma de 2021, o divórcio por mútuo consentimento por acordo não exige qualquer citação ou comparência perante um juiz. O prazo começa com a entrega da citação pelo oficial de justiça ao cônjuge requerido e termina com a sentença proferida pelo tribunal de família.
Este período engloba várias fases processuais obrigatórias: a citação, a troca de alegações entre advogados, as eventuais diligências de instrução (peritagens, inquéritos sociais), a audiência e a deliberação do juiz. A duração varia consideravelmente em função do tipo de divórcio litigioso escolhido. Para um divórcio com base na culpa, prevê entre 18 e 24 meses, devido à complexidade das provas necessárias. Os divórcios aceites são geralmente concluídos em 10 a 15 meses, depois de os cônjuges terem chegado a acordo sobre o princípio da separação. Para o divórcio com base na deterioração permanente do vínculo conjugal, são necessários pelo menos 2 anos de separação antes de se poder proceder à citação, seguidos de 12 a 18 meses de processo judicial.
Factores que influenciam a duração do procedimento
O tipo de divórcio escolhido
O tipo de divórcio é o principal fator determinante do tempo que decorre entre a citação e a sentença. Entre os divórcios litigiosos que requerem uma citação, o divórcio por culpa é o mais demorado, com uma duração média de 18 a 24 meses. Este processo exige a prova de violações graves dos deveres conjugais (violência, adultério, injúrias repetidas), o que requer a apresentação de depoimentos de testemunhas, relatórios de oficiais de justiça e, por vezes, peritagens médicas. Este tipo de processo civil contencioso prolonga sistematicamente o tempo necessário para a sua resolução, devido ao seu carácter contraditório e conflitual.
O divórcio consensual, em que os cônjuges estão de acordo quanto ao princípio da rutura, mas não quanto às suas consequências, demora geralmente 10 a 15 meses, ou seja, cerca de 30% menos do que o divórcio por culpa. Uma caraterística especial do divórcio com base na deterioração permanente do vínculo conjugal é o facto de exigir, pelo menos, dois anos de separação antes de poder ser emitida uma citação, o que prolonga automaticamente o processo global. Estes três tipos de divórcio representam cerca de 45% do total de divórcios concedidos em França.
O ónus dos tribunais
A saturação dos tribunais de família tem um impacto direto nos tempos de espera. Nos grandes centros urbanos, como Paris, Lyon e Marselha, os prazos de espera podem atingir 18 a 24 meses. Os tribunais de província têm, em geral, tempos de espera mais curtos, da ordem dos 10 a 15 meses. Esta disparidade geográfica explica-se pelo número de processos tratados e pelo número de efectivos disponíveis.
Alguns tribunais oferecem processos rápidos sobre o mérito para situações de emergência, nomeadamente em casos de violência doméstica ou de perigo para as crianças.
A complexidade do caso
Se o caso envolver bens importantes, o tempo necessário é consideravelmente mais longo. A necessidade de proceder a avaliações imobiliárias, de empresas ou de contas bancárias complexas acrescenta vários meses ao processo. Estas peritagens dão igualmente origem a custos adicionais, que podem justificar o recurso à assistência judiciária. Os diferendos sobre a guarda dos filhos requerem frequentemente inquéritos sociais, o que prolonga o processo, por vezes por mais 4 a 6 meses, consoante a disponibilidade dos assistentes sociais.
As situações internacionais que envolvem activos no estrangeiro ou questões de jurisdição também complicam o processo. A coordenação com jurisdições estrangeiras, as traduções de documentos oficiais e as verificações transfronteiriças de bens aumentam a complexidade do procedimento. Cada peritagem ou medida de investigação suplementar acrescenta entre 3 e 6 meses ao prazo total, que pode atingir mais de 30 meses nos casos mais complexos.
Etapas cronológicas do processo
Da citação à primeira audiência
Uma vez apresentada a citação, a secretaria do tribunal convoca as partes para uma audiência de orientação e de medidas provisórias (AOMP) num prazo de 3 a 8 meses, consoante a ocupação do tribunal. Desde a reforma de 1 de janeiro de 2021, a antiga audiência de conciliação foi suprimida a favor deste novo procedimento. Esta audiência permite ao juiz determinar medidas provisórias urgentes e fixar o calendário do processo. O juiz pode ainda tentar conciliar as posições dos cônjuges sobre a residência dos filhos, a pensão de alimentos e a ocupação do domicílio conjugal.
Se não se chegar a acordo, o juiz ordena medidas provisórias e fixa o calendário para o resto do processo. Esta fase inicial dura geralmente entre 3 e 8 meses, consoante o volume de trabalho do tribunal. Desde 2020, muitos tribunais realizam estas audiências por videoconferência, o que pode facilitar a participação das partes e, por vezes, acelerar o tempo necessário para a convocação da audiência.
Processamento da candidatura
A fase de inquérito permite que os advogados reúnam os seus processos respectivos. Cada parte apresenta os seus documentos de apoio, testemunhos e pedidos de valores. Neste período, podem ser necessárias peritagens suplementares ordenadas pelo juiz. A investigação dura geralmente entre 6 e 12 meses para um processo normal. Os escritórios de advogados recorrem frequentemente a uma plataforma jurídica para centralizar e organizar todos os documentos e prazos para esta fase crucial.
A troca de alegações entre advogados está sujeita a prazos fixados pelo juiz. Cada parte dispõe geralmente de 2 a 3 meses para responder às alegações da parte contrária. Esta fase contraditória garante o respeito dos direitos da defesa. O respeito rigoroso destes prazos e a qualidade da organização dos documentos têm um impacto direto no bom desenrolar do processo.
A audição e a deliberação
A audiência de julgamento é a fase final em que os advogados apresentam as suas alegações orais ao juiz. Esta audiência dura geralmente entre 30 minutos e 2 horas, consoante a complexidade do processo. Em seguida, o juiz toma o processo em consideração, durante o qual redige a sentença. Este período de deliberação varia entre 1 e 4 meses, consoante a carga de trabalho do juiz.
As partes são notificadas da sentença por carta registada. A partir desta notificação, corre um prazo de recurso de 30 dias. Se não for interposto recurso, a sentença torna-se definitiva e executória.
Como reduzir os atrasos processuais
Favorecer as soluções amigáveis
Após a citação, continua a ser possível chegar a acordos que aceleram significativamente o processo. Passar de um divórcio com base na culpa para um divórcio por acordo pode reduzir o tempo de duração do processo em 6 a 9 meses, em média. Esta transformação pressupõe que os cônjuges consigam chegar a acordo sobre o princípio da rutura, mesmo que continuem a existir divergências quanto às consequências. Os acordos parciais sobre a guarda dos filhos ou a pensão de alimentos simplificam o processo e reduzem o número de audiências necessárias.
A mediação familiar é uma alternativa eficaz para atenuar os conflitos, mesmo após a citação. O juiz pode ordenar a mediação em qualquer fase do processo para facilitar o diálogo entre os cônjuges. Um mediador neutro ajuda as partes a encontrar soluções aceitáveis para os pontos de desacordo. Esta abordagem tem uma taxa de sucesso de cerca de 60 a 70%, com acordos alcançados em 3 a 6 sessões repartidas por 2 a 4 meses. O custo da mediação varia entre 100 e 150 euros por sessão, geralmente repartido entre os cônjuges. Um acordo obtido após a citação, mas antes da sentença, permite concluir o processo mais rapidamente, transformando um longo divórcio litigioso num divórcio acordado muito mais rápido.
Prepara um dossier completo desde o início
A constituição de um dossier exaustivo, logo que sejas notificado, permite acelerar consideravelmente o processo. Reúne todos os documentos necessários relativos ao teu património: extractos bancários dos últimos três anos, títulos de propriedade, apólices de seguro de vida, recibos de vencimento e avisos de impostos. Se o fizeres desde o início, poderás evitar pedidos de documentos suplementares, que podem prolongar o processo por vários meses.
Isto permite ao teu advogado redigir desde o início alegações completas, limitando o número de trocas sucessivas entre as partes. Um dossiê bem preparado demonstra também ao juiz a tua seriedade e boa fé, o que pode influenciar favoravelmente certas decisões provisórias. Não hesites em fazer um inventário detalhado dos teus bens móveis e imóveis para facilitar o trabalho do teu advogado.
Respeito rigoroso dos prazos processuais
O incumprimento dos prazos fixados pelo juiz conduz sistematicamente a adiamentos das audiências, o que prolonga consideravelmente o processo. Responde aos pedidos do teu advogado e do tribunal dentro dos prazos previstos. Cada atraso acrescenta vários meses ao conjunto do processo e pode mesmo ser visto de forma negativa pelo juiz. A capacidade de resposta é um trunfo importante para acelerar o tratamento do teu processo e demonstrar a tua seriedade.
Mantém uma comunicação regular e proactiva com o teu advogado. Informa-o rapidamente de qualquer alteração da tua situação que possa afetar o processo: alteração de rendimentos, mudança de casa, nova situação familiar. Envia sem demora os documentos solicitados e mantém-te disponível para as reuniões necessárias. Esta colaboração eficaz optimiza a gestão do processo e permite ao teu advogado respeitar os prazos processuais fixados pelo tribunal.
As consequências práticas dos prazos
Impacto financeiro da duração do procedimento
A duração do processo gera custos significativos, que aumentam proporcionalmente à sua duração, nomeadamente no que se refere aos honorários dos advogados, facturados com base no tempo despendido. Em média, um divórcio litigioso custa entre 3 000 e 8 000 euros por cada cônjuge, repartidos da seguinte forma: honorários de advogados (2 500 a 6 000 euros, consoante a complexidade e a duração do processo), despesas de oficial de justiça para a citação (150 a 250 euros), eventuais peritagens patrimoniais ou contabilísticas (500 a 2 000 euros, consoante o tipo de peritagem) e despesas de secretaria (cerca de 250 euros). Se a decisão for objeto de recurso, estes custos são quase duplicados. Para as pessoas com rendimentos modestos, o apoio judiciário continua a estar disponível numa base de avaliação dos recursos, com um limite máximo de cerca de 1 700 euros por mês para uma cobertura total em 2024. Um simulador profissional de honorários jurídicos pode ajudar-te a calcular o orçamento exato necessário.
Durante todo o processo, deves continuar a assumir as despesas do agregado familiar, em conformidade com as medidas provisórias fixadas pelo juiz. Este duplo encargo financeiro pesa muito no orçamento de cada cônjuge, que deve simultaneamente financiar o processo judicial e manter o seu estilo de vida quotidiano. A resolução do litígio pós-divórcio é uma fase posterior que também pode demorar vários meses e gerar custos adicionais.
Consequências psicológicas e organizacionais
A longa espera gera um stress considerável para os cônjuges e os filhos. A incerteza quanto ao resultado do processo complica a reconstrução pessoal. Durante o processo, não podes voltar a casar nem vender os bens comuns por tua conta. Se quiseres sair do teu departamento de residência com os teus filhos, precisas do acordo do outro progenitor ou da autorização do tribunal de família. Estas restrições jurídicas práticas têm um impacto na tua capacidade de virar a página e de organizar a tua nova vida. No entanto, as medidas provisórias podem ser alteradas em caso de mudança significativa da situação, mediante pedido fundamentado ao juiz.
A gestão do dia a dia torna-se complexa, com medidas provisórias que nem sempre correspondem à situação ideal. Este período de transição exige uma adaptação constante e uma comunicação permanente com o ex-cônjuge, nomeadamente para manter o equilíbrio dos filhos. O impacto psicológico sobre os filhos pode ser significativo: vivem na incerteza e apercebem-se das tensões parentais. O apoio psicológico para ti e para os teus filhos pode ser benéfico durante este período. Numerosas associações especializadas e psicólogos com formação em mediação familiar oferecem apoio para te ajudar a ultrapassar este período difícil.
Otimizar a gestão do teu processo de divórcio
Controlar o tempo que decorre entre a escritura de divórcio e a sentença exige uma preparação cuidadosa e um aconselhamento jurídico adequado. A escolha do tipo de divórcio adequado à tua situação é a primeira decisão estratégica. Um software jurídico de alto desempenho permite aos nossos advogados gerir eficazmente os prazos e os documentos do seu processo.
Antecipa os atrasos inevitáveis e prepara-te psicologicamente para este período de transição. A abertura com o teu advogado e a construção de um caso sólido desde o início ajudar-te-ão a passar por esta provação nas melhores condições possíveis. Não hesites em procurar apoio psicológico, se necessário, para gerir o stress inerente a este processo.
Eventuais recursos e seu impacto nos prazos
Uma vez proferida a sentença de divórcio, é importante saber que o processo pode ainda ser prolongado. A sentença pode ser objeto de recurso no prazo de 30 dias a contar da notificação. Se esta opção for exercida, o processo prolonga-se consideravelmente, com um acréscimo médio de 12 a 18 meses até se chegar a uma decisão final. Durante este período, o Tribunal de Recurso reexamina todo o processo, permitindo uma segunda análise dos elementos controvertidos.
É de notar que, durante o processo de recurso, a decisão da primeira instância continua, em geral, a ser provisoriamente executória, exceto se o juiz tiver decidido em contrário. Isto significa que as medidas relativas à guarda dos filhos, à pensão de alimentos ou à atribuição do domicílio conjugal continuam a ser aplicáveis apesar do recurso.
Para as situações mais complexas ou contestadas, pode ser interposto um recurso para o Tribunal de Cassação após a decisão de recurso. Este último recurso, que apenas diz respeito à aplicação da lei e não aos factos, prolonga o processo por mais 12 a 24 meses. Embora esta possibilidade seja raramente utilizada nos processos de divórcio, deve ser tida em conta na estimativa global dos atrasos potenciais.
Estes recursos sucessivos podem prolongar a duração total do processo de divórcio de alguns meses para vários anos, o que exige uma preparação psicológica e financeira adequada.
Perguntas frequentes
O período que decorre entre a ação de divórcio e a sentença suscita muitas questões às pessoas envolvidas num processo de divórcio. Esta secção responde às perguntas mais frequentes sobre a duração, as etapas e os factores que influenciam o desenrolar do processo de divórcio em França.
Qual é o prazo entre a sentença de divórcio e a decisão?
O período entre a citação e a sentença final de divórcio é o período entre o momento em que a citação é emitida por um dos cônjuges (ato oficial que marca o início do processo judicial) e a data em que o juiz emite a sentença final de divórcio. Este período inclui todas as fases processuais obrigatórias, nomeadamente a audiência de conciliação, a instrução do processo e a audiência de alegações. A duração varia consideravelmente consoante o tipo de divórcio e a complexidade do processo.
Qual é o tempo médio que decorre entre o pedido de divórcio e a sentença?
A duração média varia significativamente consoante o tipo de divórcio. No caso do divórcio por mútuo consentimento, o processo é atualmente extrajudicial e pode ser concluído em poucas semanas. No caso do divórcio litigioso, a duração média situa-se geralmente entre 18 e 24 meses, podendo atingir os 30 meses nos tribunais mais movimentados. Os divórcios consensuais demoram cerca de 12 a 18 meses, enquanto os divórcios por culpa podem demorar até 36 meses, devido às investigações necessárias e às provas a recolher.
Que factores influenciam o tempo que decorre entre a citação e a sentença de divórcio?
Vários factores têm um impacto significativo na duração dos processos. A carga de trabalho do tribunal é o primeiro fator: alguns tribunais esperaram mais de 12 meses por uma primeira audiência. A complexidade dos bens a dividir, a presença de filhos menores e os desacordos sobre a guarda e a pensão de alimentos aumentam consideravelmente a duração do processo. O nível de conflito entre os cônjuges, a qualidade da preparação do processo e a capacidade de reação dos advogados desempenham igualmente um papel determinante na aceleração ou no abrandamento dos processos.
Qual é a diferença entre um divórcio litigioso e um divórcio por mútuo consentimento?
Desde a reforma de 2017, houve uma grande diferença. O divórcio por mútuo consentimento, que passou a ser extrajudicial, já não exige a comparência perante um juiz e pode ser concluído em cerca de 4 a 8 semanas. Basta que os cônjuges estejam totalmente de acordo sobre todos os pontos. Em contrapartida, o divórcio litigioso (aceite, por culpa ou por alteração definitiva do vínculo conjugal) requer necessariamente a intervenção de um juiz e implica várias audiências. O tempo mínimo necessário é de cerca de 12 meses, mas pode facilmente atingir 24 a 36 meses, consoante as circunstâncias.
Como é que se pode acelerar o tempo entre a citação e a sentença de divórcio?
Existem várias estratégias para otimizar a duração do processo. Favorecer o diálogo e a negociação para chegar a acordos parciais ou totais reduz consideravelmente os prazos. Preparar um dossier completo com todos os documentos comprovativos necessários desde o início evita os pedidos de documentos suplementares. Responder rapidamente aos pedidos do tribunal e do advogado é essencial. Se possível, a mediação pode ajudar a resolver situações de conflito. Por último, a escolha de um advogado experiente e reativo, idealmente equipado comferramentas de gestão modernas, garante um acompanhamento rigoroso e eficaz do teu processo.
Quais são as principais etapas entre a petição de divórcio e a sentença?
O processo segue uma ordem cronológica precisa. Após a citação, o juiz convoca os cônjuges para uma tentativa de conciliação, geralmente num prazo de 8 a 12 meses. Nesta audiência, podem ser ordenadas medidas provisórias (residência dos filhos, pensão de alimentos). Se a conciliação falhar, inicia-se uma fase de instrução, durante a qual cada uma das partes apresenta as suas provas e argumentos. Se necessário, podem ser solicitados relatórios de peritos. Por último, a audiência de alegações permite aos advogados apresentarem as suas alegações. Em seguida, o juiz examina o processo antes de proferir a sua decisão, geralmente num prazo de 1 a 3 meses.

